Fulgurações em movimento.

Esperei por tua voz no vento. Esperei por teu carinho olhando à distância.

E na loucura das horas em que a tortura foi fidelíssima companhia

banhei de noite meu olhar e serenei no solo minhas lágrimas,

férteis palavras, sinônimo da dor de tua ausência.

Iniciei um pacto com o tempo para não amarelar minha memória

e teci nos montes o teu corpo para meu prazer.

Acariciei a brisa de um novo dia, entranhei nos raios do sol o meu desejo,

semilouca colecionei segredos de mil pedregulhos.

Fiz do meu sentir rocha indestrutível, impassível forma fixa em diálogo .

Deitei em teus ombros a gana siderada de minha carne,

única Esfera a rolar na palma de tua língua,

poesia em teus horizontes, cabelo do vento em desalinho.

Folheando-te aurora estremeci madrugada porque te amo

e tua forma de fecundar meu ser é luz fecundando luz.

Ah! Teus olhos em infinita paixão

principiaram a canção com que fui criada para o amor

e a pureza de nossos toques selaram as primaveras que virão,

doçura permanente de sementes de outros outonos,

florir contínuo luzindo nas falas dos deuses.

Singular, colheste minha sanidade,

e meus impulsos de fêmea comungaram a matéria de nossa criação

no véu que se abriu para abrigar teus anseios.

Esperei-te e não cedi a ponta da lança

porque teu amor eterno, era sabido, por meu coração secular.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 19/06/2005
Código do texto: T26054