Procura

E se te guardo segredo, me esqueço
Onde extraviei a bagagem, teu rosto
De maquiagem borrado, teu gosto
Em mim segue eterno, começo

E espalho cartazes de busca, o bastante
Para que a esperança não morra, agora
Ao descobrir um vestígio, que outrora
Era o semitom da tua voz, ofegante

Nas linhas deste degredo, te assumo
Responsabilidade só minha, infinita
Viagem de incerta fortuna, e gravita
Em torno a mim como o ar, que consumo

Rindo-me aqui qual criança, não recordo
Se deixei ou fui deixado, sozinho
Para prosseguir confiante, o caminho
Que teu passo já não alcança, e transbordo

Inda tremula o horizonte, distante
De minha última lua, minguante
Qual sono profundo, meu coma

E o passo a ti, nunca dado
O momento oportuno, chegado
Eu homem que o tempo pára, porque apaixona.