A casa...

Acordas-te depois de muito tempo,

Observei-te pelo tempo que dormia...

Não deixaste uma lágrima cair,

Nem agora nesta casa tão vazia...

Procuraste o mais belo dentre os corvos,

Já tocaste teu piano nesta hora,

Levantaste tão cansada e calada,

Teu aconchego não me estranha, me incomoda...

Te amou, amou-te muito, foste embora...

Nem ligaste, por que tanto desapego?

É que tudo feito as pressas não demora.

Sem tardar ele volta, não tenho medo...

É deveras segura, não vai chorar...

Acho mesmo que ele não vai voltar...

Não te assute, nem te atormente...

Sei muito bem o que fazer,

Não trabalhe muito, se assente...

Tenho fé de que não irei sofrer...

Porém, passaram-se os dias, ele não voltou...

Nem sequer um telefonema...

Falei-te dozela, ele foi para não voltar...

Querido de minha alma, de onde ele está sei que não retornará...

Mas, por que dizes isto, menina...

Mentiste para mim, que sempre admirou-a?

Peço-lhes desculpa, me envolvi...

Porque, matei aquele que sem demora...

Me forçou a ser alguém que o mundo ignora...

Me forçou a despir a minha alma...

Me forçou... Assim perdi a calma...

Hoje choras, menina, hoje sofres...

Tua culpa a seputará...