Da última varanda

É dela que vejo ao longe o mar.

Seu azul se confunde com o céu,

assim como meus pensamentos

se confundem com os meus devaneios.

As nuvens que passam

desfilam imagens das minhas fantasias,

que se fazem verdades para amenizar

as minhas saudades.

Se é noite e a lua exibe sua grandeza e encanto,

a ela me dirijo e suplico meus desejos mais íntimos,

pois em sua força acredito e fico a esperar

meu mais profundo sonho se concretizar.

A vida que por ela passa,

disfarça suas dores, suas frustrações, suas transgressões.

E eu que a estou a contemplar,

fico apenas a imaginar

que é tudo perfeito:

no casal que de mãos dadas está,

inexiste a insatisfação e os desencontros.

O veículo que passa sem pressa,

leva a promessa e a esperança da realização

para algum coração.

O velhinho que numa bengala se apoia,

agora apenas desfruta,

do fruto de sua luta.

Na última varanda,

a selva de pedra que se apresenta,

é o retrato de uma vida que procura no concreto,

firmeza e segurança, beleza e importância.

Da última varanda,

posso ver a rua da minha juventude,

ela que cravou meus passos esperançosos,

levando um coração desejoso de emoções,

de experiências ditosas e ações elevadas.

A última varanda não há de ser maculada,

pois ela é o santuário de minhas divagações,

e se alguma lágrima nela tiver que ser derramada,

deverá ser por eu nela estar despojada,

de tudo aquilo que me impeça de ficar extasiada.

Wanusa Pinto
Enviado por Wanusa Pinto em 23/11/2010
Reeditado em 28/03/2014
Código do texto: T2631251
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