NOTÍVAGA
Rodopiei, caí na teia
Virei aranha, teci a seda
Cobri teu corpo
doce vôo, leve
Flutuando em tua vida
faço-me espaço breve
Curo a tua ferida
sou teu néctar manhã
Inseto fazendo arte
nos favos do Deus Tupã
Sou de todas as coisas
Espalho-me em todos os sons
canções, multidões e palcos
luares, amores, clarões
Sou teu doce na boca
o amargo iludido das tuas paixões
Chama dos momentos que vem e arde
amanhece, e deixa a vida
no primeiro vento do dia
no luminoso raiar da manhã
Sou o profundo suspiro da Lua
um ultimato da noite no calor do Sol
Voz de Nanã ecoando em tua rua
recolhendo estrelas e espalhando-as ao redor.
D.V.
01/10/89
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