Uma brasa na Alma
Já não quero falar de nada
Perdi a voz... Passei à vez
E a nada que eu diga fará mudar
Esse tormento de esperar sem esperar.
Nada mudará o gosto de falta.
Gosto de esperança que falta.
Nada transformará as lágrimas
Ou a vontade de criar asas e recriar.
Esse anseio de nascer de novo,
sem, no entanto, poder.
Não poder alçar o sonhado vôo.
Se eu disser mil vezes “te amo”,
ainda não será isso que satisfará.
O que me queima mesmo, dorido,
é ter ... esses olhos tão compridos
e não ter para onde olhar.
É um tanto parecido com fome.
É um gélido que tenho nas mãos.
E essa brasa carcomendo o coração.
É procurar e não encontrar o toque.
Um desejar latente sem, no entanto,
ter convicção de gozo.
É a deficiência da minha confiança:
se virá mesmo, esse incerto futuro.
É caminhar passos e ver só o azul.
E, em azul compor estrelas, figuras
em qualquer espaço pelo muro.
E saber a mesma menina, já não ser.
Tão alegre, era aquela que versava,
até mesmo com a falta de ter rima.
É não recriar o sonho adormecido e,
sem ação deixar o tempo correr
Ainda assim, querer-te a qualquer custo,
... a custo qualquer, te querer.
*** imagens google***
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