Rododáctila prenúncio da luz (talvez um poema de amor...)

Procurei as palavras em vão,

queria as diferentes,

fora do significado comum, banal,

repetido,

desejava as mais esplêndidas,

como o navegar junto a terra verdejante

salpicada de cravos vermelhos,

girassois concorrendo com estrelas solares

em seu amarelo de arco íris depois de chuva,

corais alimentando vidas infinitas,

pautas lidas por violinos de som celestial,

harpas de faraós excêntricos

tocadas em pleno deserto,

desejava algo de novo desvendando

sentimento sentido,

descrito,

por poetas, loucos,

trovadores medievais nobres,

jograis tocando cistre

acompanhando soldadeiras seminuas,

um vazio de silêncios nos confins de memória

conhecida, relida, revisitada,

vasculhada no seu mais intimo,

então, num repente,

enquanto lua e sol se substituíam,

na rododáctila prenúncio da luz de novo,

belo dia ansiado,

encantamento no horizonte suspenso,

nos olhos semicerrados revelei

toda esta busca na perfeição das letras,

em beijo suave nos teus lábios,

por ti,

ainda hoje recordado.

Tudo começou com a palavra rododáctila, criada por Homero, “embevecido com o belo amanhecer na Grécia, onde ele antropomorfiza Eo, a deusa da aurora, simbolizando-a na rosada mão aberta, fazendo desaparecer as trevas e trazendo o tom rosáceo, prenúncio da luz de um novo e lindo dia.” (Vida da palavra – Nascimento vida e morte das palavras de Frei Hermínio Bezerra, no seu blogue www.herminio-bezerra.blogspot.com/)