Quero a Palavra

Quero a palavra inviável

inusitada, impublicável

Indelével e irrascível

Quase corpo palpável

Com acento sensível

de teor indubitável

Quero a palavra primeira

Bem ou mal construída

Fluindo assim incontida

Irreverente, verdadeira

Amoral e descabida

Com ressonância certeira

Quero a palavra inquieta

Que alerta e desperta

A indolente madrugada

Forte, invisível, sem letra

Arquiteta da forma inusitada

Que nenhuma ousadia soletra

Quero a palavra vadia

Em transparência sedosa

Que na língua bailarina rodopia

Em acrobacia no verso da prosa

De consistência tão ardorosa

Que a boca enrubesce e silencia

Quero aquilo que não se pronuncia.

Eu quero a asa da borboleta !

Claudia Gadini

14/10/05