Oito de espadas
Em cada carta lançada um suspiro aliviado
acalmando aquela voz ecoando
louca
nos pensamentos da súplica,
explicações para renascidos fracassos,
tormentosas passagens,
falsas autocríticas no cheiro a incenso
tudo impregnando,
imaginando acções positivas nos trânsitos
por planetas distantes,
morte, sol, oito de espadas convivendo
em mercúrio positivo,
no encontro de algo mais que o caminho,
obstáculos invisíveis
na palma da mão direita,
agarrada a uma possível salvação
de demoníacos anjos sem asas,
dançando desorientados
ao redor de vela queimando pavio,
os suores frios em gotas perfumadas
caiam sem parar.
Ainda vislumbrou um pêndulo ininterrupto
quando da tenda saiu,
um gato cinzento rebolava indolente,
indecente,
impotente,
desfeito no cansaço das emoções,
seguiu entontecido, embriagado,
riu então perto de um mar desconhecido
despindo roupa bafienta,
abrindo os braços nus tatuados
por míticas figuras de tinta negra,
viajou direito às ondas alteradas,
desejando maremoto redentor,
nascido para ser selvagem,
enfim livre.
Desde a minha adolescência que os Slade, e particularmente o álbum vinil de capa vermelha Live, me acompanham. Ouvi o novamente na faixa Born to be wild (original da banda Steppenwolf , grande êxito no filme Easy Rider). Todos nascemos talvez, para ser um pouco, selvagens, livres sempre.