DE ALÁ A IANSÃ, DE GILGAMESH A JEOVÁ
De Alá a Iansã, de Gilgamesh a Jeová
aonde quer que eu vá eu levo um tanto
um tanto de fé pra me salvar
Num avião em chamas, rezo pelo rádio,
eu peço socorro ao cara ali de baixo
da torre de controle, nos dê a graça da vida
uero mais vida de graça
faça alguma coisa por favor!
embora eu saiba que ninguém me espera aí embaixo
que não tenho um amor pra visitar
eu acho... tenho terror só de pensar
que nem mais tentar eu poderei
Que escravo que não sonha em ser o rei?
Como é didático ter um deus
ainda pertenço à massa burra dos ateus
Adeus minha mãe, adeus meu pai,
qualquer coisa tem um santo padroeiro
sincretizado c’um orixá no terreiro
A escrava que não tem coroa
dá um jeito de brilhar nas jóias da patroa
De Iansã a Alá, de Jeová a Gilgamesh
acaba o meu ano, fosco dois-mil-e-dez
Quem sabe, Espinosa, eu reze em teus pés?
Já subi tantas vezes a escadaria,
pago promessa todo dia indo pra faculdade
de todos os pecados estou livre, espero...
Difícil, é que tem pecado, pecado que quero
Qual é a falta de esmero ou de trato
que me deixa feliz?
Aquela que me condena ao que ser’eu sempre quis
Quiz, quiz, quiz...