DE ALÁ A IANSÃ, DE GILGAMESH A JEOVÁ

De Alá a Iansã, de Gilgamesh a Jeová

aonde quer que eu vá eu levo um tanto

um tanto de fé pra me salvar

Num avião em chamas, rezo pelo rádio,

eu peço socorro ao cara ali de baixo

da torre de controle, nos dê a graça da vida

uero mais vida de graça

faça alguma coisa por favor!

embora eu saiba que ninguém me espera aí embaixo

que não tenho um amor pra visitar

eu acho... tenho terror só de pensar

que nem mais tentar eu poderei

Que escravo que não sonha em ser o rei?

Como é didático ter um deus

ainda pertenço à massa burra dos ateus

Adeus minha mãe, adeus meu pai,

qualquer coisa tem um santo padroeiro

sincretizado c’um orixá no terreiro

A escrava que não tem coroa

dá um jeito de brilhar nas jóias da patroa

De Iansã a Alá, de Jeová a Gilgamesh

acaba o meu ano, fosco dois-mil-e-dez

Quem sabe, Espinosa, eu reze em teus pés?

Já subi tantas vezes a escadaria,

pago promessa todo dia indo pra faculdade

de todos os pecados estou livre, espero...

Difícil, é que tem pecado, pecado que quero

Qual é a falta de esmero ou de trato

que me deixa feliz?

Aquela que me condena ao que ser’eu sempre quis

Quiz, quiz, quiz...

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 04/12/2010
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