Versão

Aquele velho amor novinho em folha:

O tema das sevícias da língua em

Nossas bocas

A flama da angústia de muitas horas

Minuto a minuto

Aquele velho amor novinho em folha

Esburacando meus olhos com volúpia louca, contava mais de mil segredos em fratura porcelânica e me fez delirar assim como quem não quer tirar a roupa

Como quem não desnudará nem mais sua própria sombra

Como quem dirá o que gostariam de escutar sem sentir vergonha

Como quem empaturra a vida de compromissos para assumir coisa alguma

Aquele velho amor novinho em folha nunca mais me deixou escrever

Aqueles poemas que riam na boca;

Aqueles poemas que tingiam o inverno;

Aqueles poemas que fardavam a fome;

Aqueles poemas que adoçavam os ouvidos.

Aqueles poemas...Sabem...que ousavam tudo e deflagravam o emudecer de vozes ao redor!

Aqueles poemas que se amontavam em versos.

Aqueles poemas que rimavam mesmo

Por dentro por fora por eles mesmos!

Aqueles poemas amados!

Aqueles poemas perseguidos!

Aquele velho amor novinho em folha

Sequestrou as belas lembranças

Cortou com navalhas minhas crianças

E agora me deixa aqui

Escrevendo afrontas e vergonhas

Sem nenhum entusiasmo na voz

Sem nenhum fruto no arbusto

Sem nenhum estranho entre nós

Aquele velho amor novinho em folha

Nem sabe de mim

Nem sabe de tudo

Nem sabe fugir

Nem sabe matar-me

Nem sabe...

Do Livro De Olho:Embriagado

Julio Urrutiaga Almada
Enviado por Julio Urrutiaga Almada em 06/12/2010
Código do texto: T2656563
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