Omisso

Sou mal falado pelas bocas do inferno

Quando rasgam o céu da boca

De um espírito eterno que habita esse espelho

Infinitamente escuro e vazio

Feito o universo sem estrelas

e tão frio quanto o inverno.

Sou covarde feito um pássaro amarelo

Que fede a medo e bosta esverdeada

De cavalo velho quando bate a asa

Não sirvo conselho e nem sigo

Apenas faço um apelo

Para os que dormem fora de casa.

Eu sou vermelho como um índio

Armado com arcos e flechas

Perseguindo um caçador perdido

Dentro de uma floresta ao pulsar

Raiva e desejo de matar algum selvagem.

E também sou branco feito pele de coelho

Mas, não de qualquer coelho

E sim, de um coelho macabro

Que escapou de uma cartola mágica

E fez de uma cena trágica

O circo dos horrores.

Almeida Silva
Enviado por Almeida Silva em 07/12/2010
Reeditado em 28/04/2013
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