recorrência

Não sei se vou logo morar na ilha ou abraçar minha família

Quem sou eu tão confusa sem ser pessimista

Sei lá, só sei que estou sempre entre a sorte e o norte

E por mais que eu me esforce mais sem rumo eu vivo

Logo eu que tenho sérios problemas de orientação detesto mapas

todos eles que me forçam a lembrança de não haver mais espaço

livre, e o mundo disfarçado de gigante é todo cartografia

gigante ainda é o mar

e eu não passo de um número de série num departamento cinza

Talvez por isto mesmo eu teime tanto, tema tanto, não a solidão

ela é prazerosa mas as filas, as medalhas, as mortalhas e as unhas pintadas de vermelho sangue

todas elas não passam de pequenos símbolos da grande teia

Até os produtos tratados como orgânicos estão sendo adulterados

Até quando andarei clamando, reclamando a atenção

Até quando continuarei sentindo a dor dos meus que se prenderam

que se perderam...

Eles andam na trilha e nem a vêem

E eu hoje tenho medo de acordá-los!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 08/12/2010
Reeditado em 06/06/2011
Código do texto: T2659744