Amigos

Um dia ocupou terra verde

de onde se via um mar imenso,

nada tinha a perder

só de vista mundos desconhecidos

inimagináveis, inventados na noite

à roda de fogueira faiscando, aquecendo

do frio glacial,

espantando bestas relembradas da infância

num sitio lá longe.

Um dia fez um barco,

com a madeira de floresta virgem,

um lençol branco esticado

ao forte vento

afastava o da costa escarpada,

demoníaca,

sem rumos, apenas ao leme agarrado

olhava a cascata lá ao fundo

deixada pelo horizonte.

Um dia saltou da montanha sem medos,

planou de braços abertos,

acompanhado por curiosas aves,

liberdade única,

agradecendo o fim tudo lhe passou

pelos olhos bem abertos,

nuvens abraçadas, tocadas,

como a rapidez do relâmpago,

afinal vivera.

Um dia foi enterrado,

amigos riam da loucura colectiva,

cruzamentos extremos,

finalmente hoje exorcizei,

esta saudade

que tanto doía.

( Até um dia destes, ao som de Pearl Jam e Alive, ao vivo em Brixton …)