SÍNTESE
Na caverna, sob as pedras dos dias
Recolho-me, releio-me, morro, refaço-me
Procuro me despir do que em mim é chaga
Arranco com os dentes o que me há de podre
Espero, recupero, reconstruo
Na prisão escura dos meus dias,
Purgo minhas dores, me extermino, ressurjo
Deixo a reclusão quase sempre em manhãs cinzentas
O mundo é mais verdadeiro
Quando o sol não está a alegrar as pessoas comuns
Pouco tempo depois, o novo eu se mostra também débil
Um novo incêndio reduz a cinzas o ser reconstruído
E das cinzas... novamente.
Eterno ciclo
Dor, exílio, reconstrução, dor...
Eis a síntese desta existência.