METROPOLITANOS - III

Corpo de asfalto

Flora para canteiros

A beira do outono cinza

Da janela que espelha

Acintes dos cotidianos

A chuva carga que se basta em janeiro

Verde brotando pelo concreto, outeiro

Pálidas de pele macilenta

Refregas pelo Sol que demora a sair

Vinde mesmo que tardia

Essas cores do verão

Debruça pelas avenidas

A falta que faz essa paixão

Dias seguidos sem minha sereia

Eu, náufrago nesse mar cinzento

Na espera desses beijos que me anseia

No escuro gelado da rua

Trafegando em tantas embarcações

Cimento, aço & feras que rondam

Tantos apertos, sofregos corações

A cidade espera a tarde que brilha

Na lágrima que seca, face estreita

Um passo no largo a caminho da Luz

Palpita um cisco na retina.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 21/06/2005
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