DEUS, CADÊ VOCÊ?

Olho para os lados e vejo vazios roucos,

flâmulas anêmicas catando ar,

mãos secas querendo arrancar os fardos, tantos fardos,

versos mancos tentando sorrir, por fim.

Olho pra dentro de mim e vejo silêncios bastardos,

busco nas vértebras do medo o que pouco me apeguei nestes anos todos,

afasto das minhas máscaras o que deveria emergir inerte,

apago das minhas falas roucas as muletas que nunca precisei de fato,

mas sempre usei à exaustão.

Vou neste ziguezague sem cabresto até confins depois dos confins,

como um louco zumbi destravo do meu peito estes cálices fétidos de outrora,

como um bebê que acabou de ser parido entendo todas as verdades do mundo,

como um cego que sempre teimou em ver, projeto para os céus as anáguas úmidas que deixei pra amanhã. Pra amanhã.

Nessa farsa que chamam do que bem entender,

entrego aos meus o que não soube destilar até o fim,

e faço, desse banquete grotesco, os pilares de que tanto desejamos e nunca soubemos aninhar,

então, meio ressacado, meio banido pelas marcas avessas daquele ser que deveria estar acima de tudo,

vou arrebatar cada migalha de fogo que de fato ainda me restar.

Então, poderei descansar porque não haverá mais a mais a ser feito, por certo.

Por certo, mesmo.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 12/12/2010
Reeditado em 11/04/2011
Código do texto: T2667195
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