MAR
Em bebedeira de azul esverdeado
De porte magnânimo e gigantesco
De cabelo já branco e encrespadp
E vozeirão forte, de urro grotesco
No infatigável percurso de vai-vem
Tântalo só o imitou no suplício
No sobe e desce do seu ventre tem
O poder que lhe forma o precipício
O deus Hércules copiou a sua pujança
Nas lutas travadas Diana se inspirou
O pescador nele colhe a abastança
Sacia a família no peixe que pescou
O marinheiro o conhece como ninguém
Rasga a pele que sangra em branca espuma
Enfrenta-o com respeito ... e com desdém
Vence as ondas de seu cabelo uma a uma
E eu, poeta, que o contemplo e nele me inspiro
Para escrever meus versos fúteis e sem preço
De seu ventre prenhe minhas musas retiro
Canto o mar em meus versos, mas não o mereço
(tirado do fundo do baú)