Um dia destes morrerei...
Ostensório sem hóstia despojado da prata
blasfémia em madeira,
músicas surdas, insonoras
acompanhadas por palmas,
pedantes e arrogantes cegos pelo umbigo,
abortos de espelho invertido,
escritas decepadas vendidas pelo ouro
nas folhas brancas enganosas,
otários amados rindo de palavras
mais simples ainda,
falhados em escada com o caruncho
sem choro de tantas almas,
ideias esquecidas nas sombras
sem reflexo em paredes brancas,
sempre este desconsolado refúgio
olhado desarrumado,
sementes híbridas, criação de monstros
nos sonhos de crianças,
declarações falsas de pífio amor
logo esquecido,
repetições de nadas, sempre nadas escritos.
estranhamente escrevo empurrado
por um sopro sem fogo fátuo
em natal falsificado, falso
pai vendido por um cálice
ao menor preço por renas sem chifres.
Um dia destes morrerei aliviado
esvaziando esta estrada,
novidade nenhuma,
sentirei saudades apenas
do mar,
da terra pisada.