Nada se sobrepunha a este nada...
Nada se sobrepunha ao estar
indolente, anestesiado, adormecido,
nem cicatrizes recentes ainda em carne viva
carregadas de micróbios, de fugas,
conexões rápidas com passado de estrelas,
medusas com diamantes raros nos tentáculos,
mães de todas as águas,
suspensas,
nada se sobrepunha ao amar,
como um ciclone em praia deserta,
arrasador, destruidor de todos os todos,
palavras perdidas na imensidão
pintada a negro
das entranhas viciadas
em música sem a harpa dos deuses,
aumentando a posse, desejos
sentires enfurecidos,
nada se sobrepunha ao ir
destino sem faróis no nevoeiro cerrado,
transportado para longínquos lugares
no dorso de suaves baleias dançando
nas nuvens transparentes
no meio de arco íris carregado por gotas
de orvalho celestial,
estrelas cadentes moribundas do cosmos,
nada se sobrepunha à aurora,
sem aspásia,
a mais habilidosa com as palavras
naquele eu recolhido, encolhido,
posição fetal,
olhando os infinitos sem respostas,
nada se sobrepunha a este nada...