Lago Azul...

Ruflei as asas com violência

espanando o pó ácido

que impreguinava meu corpo nu.

Voei pela noite adentro

pousando às margens

do profundo Lago Azul -

plano, silencioso…

Pousei:

- Olhei meu rosto pálido

mergulhado na água escura:

A dor torturava minhas entranhas,

me impedia de pensar.

Contava triste os segundos, (tantos!)

que escorriam pelos buracos do tempo!

Sentia-me qual uma serpente sem presas

rastejando pelas areias

quentes da Costa do Esqueleto;

Sentia o buraco negro

que crescia dentro de mim,

quase dissolvendo minh’alma…

Olhei para as águas frias do Lago Azul,

vi meu rosto cercado por diamantes

refletidos na água escura:

- Naquele momento estranho:

compreendi meu valor!

Voei de volta pela noite fria,

voei baixo para não me chocar

com o manto negro

forrado de diamantes…

(Ruflei as asas que a imaginação me deu!…)

Mário Vigna
Enviado por Mário Vigna em 20/10/2006
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