Lago Azul...
Ruflei as asas com violência
espanando o pó ácido
que impreguinava meu corpo nu.
Voei pela noite adentro
pousando às margens
do profundo Lago Azul -
plano, silencioso…
Pousei:
- Olhei meu rosto pálido
mergulhado na água escura:
A dor torturava minhas entranhas,
me impedia de pensar.
Contava triste os segundos, (tantos!)
que escorriam pelos buracos do tempo!
Sentia-me qual uma serpente sem presas
rastejando pelas areias
quentes da Costa do Esqueleto;
Sentia o buraco negro
que crescia dentro de mim,
quase dissolvendo minh’alma…
Olhei para as águas frias do Lago Azul,
vi meu rosto cercado por diamantes
refletidos na água escura:
- Naquele momento estranho:
compreendi meu valor!
Voei de volta pela noite fria,
voei baixo para não me chocar
com o manto negro
forrado de diamantes…
(Ruflei as asas que a imaginação me deu!…)