O outro Natal

Corria contra o vento

louco,

nem raios o paravam, assustavam,

chuva torrencial

invadia a estrada como furioso rio

sem margens

impotente,

determinação paranóica despovoada

de final,

lembrava se de anos

outros

inalterados,

os sons que o martelavam

sem parar,

ininterruptamente,

vaca esquelética mugia

por feno,

burro com peladas zurrava

alto,

casal discutia em gritos,

ameaças,

um menino deitado chorava,

berrava

sujo pelas fezes

esverdeadas,

as pernas não paravam

mais rápido,

mais longe da barraca

mais longe da miséria

mais…..

Um excelente Natal àqueles que nunca o irão celebrar...