Côvão

Aprecio o redil de bambu

Amarrado em esteiras talhadas de fantasias

Ai do pescador que com este covo estiver munido

Ai do peixe que por ele for atingido

Pedaço de pau estreitando caminhos

Nadam livres poderosos cardumes

Mas se deixam enganar por tão sedutora armadilha

E farejam, e procuram, e buscam o resto de alimento

E comem, desfrutam e se agonizam na saída

E não há mais saída

E não há mais comida

E não há mais nada o que devorar

Prisioneiros da fome

Prisioneiros do desejo

Da armadilha de pescador

Covo de artifício

O fim é o precipício

Imenso vazio

Emaranhado

Desejo louco lançado

Por quem sabe armar

Camarões de ilusões

Covos de um homem só

Livre para viver e, da armadilha, sobreviver

É o seu redil de fantasia

Doce agonia o de possuir e de manter

Curral alado que navega apoiado por barbantes

Doce prisão: o que está do lado de fora, na areia, nas margens, na fronteira.

Lucciana Fonseca
Enviado por Lucciana Fonseca em 25/12/2010
Código do texto: T2691211
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