Quisera
J B Carneiro
Habita em meu corpo de barro,
A marca do amor,
No dorso, em desalinho.
Quisera, em teus passos,
Sentir o mormaço.
Sou terra molhada,
Sou teu caminho.
Quisera ser remanescente,
Árvore silvestre
A envolver-te
Em meus ramos libidinosos.
Quisera cobrir teu ventre
Com fruto latente,
Inconsciente e saliente
Ao deflorar teus pensamentos
Luxuriantes, pecaminosos.
Quisera ser o fogo a saciar
O desejo incontido,
Que arde nas entranhas
Do teu corpo sedutor.
Teus sentimentos despudorar
Ser tua libido,
Ser teu amante,
Teu amado e teu amor.
Quisera ser a água que brota
Do sentimento maculado,
A derramar a última gota
Em tua alma desfalecida.
Marcar em teu corpo
O gosto do prazer
Outrora congelado...
Não ser venerado!
Ser andante,
Ser errante...
Ser a Vida!