UNIÃO PERFEITA
Olhando o mar ao cair da noite
Vislumbro lá longe, lá muito longe
Uma mal definida silhueta afoite
Toda envolta em hábito de monge
Avança sobre mim, ligeira, temerária
E cresce, e vai ficando mais definida
Oh! Imponente alada figura lendária
Que venceu a morte voltando à vida
Tanto se aproxima e engrandece
Essa tal figura misteriosa e altiva
Que meu corpo frágil estremece
E a aura que a envolve me cativa
Envolve-me de penumbra o seu manto
Para logo sentir o mundo de escuridão
Qual ser vagueando em campo santo
Cadavérica, tétrica, vil, mas boa ilusão
E envoltos nesse mundo de magia
Formamos um só ser, uma só vida
Calmante simbiose, orgâsmica orgia
Em que a mágoa e a dor é esquecida
Deixo-me envolver pelos estertores
Dessa união silenciosa, desse coito
Assim adormeço realizado de amores
Nos braços da silhueta que é a noite
1975