LIGIARA*
Ó ousada mulher por que geras?
Acaso não sabes que a moda da vez é a repetição?
Insistes em criar o novo,
Quando no meio do povo habita a escuridão?
E quem é essa Iara forjada águas
Do teu ventre livre?
Quem é essa semente, negra, pérola
Que te modela e tem põe pra fora desta mesmice?
Será fruto de um gozo com o sertão?
Encantado com tua meiguice?
Será a notícia de uma nova era,
De sonho, de quimera?
Ou resultado dos teus devaneios?
Apenas sabemos que a inércia
Deu lugar à luz e que a palavra
Se tornará verbo por tua mão.
*Feito para uma amiga, que ná época estava grávida.