Relógio

Ó relógio, tens a fome
Das horas que apressam o tempo...
Já não sabes que é o agora,
Do amanhã, esquecimento?
Suspenso em teu próprio peso,
Vês da casa o itinerário,
Do carrilhão a leveza,
Da História o abecedário.
Tu pontuas na parede,
Com teu olhar arbitrário,
A fome de quem tem sede,
A corda do calendário.
Ó tic tac sem alma!...
Que imita meu coração,
Teu pêndulo só não cala
No peito esta solidão.