VOZ MAVIOSA
Voz maviosa de timbre forte
Embalos flutuantes me levaram
Ao cume fantástico do sentir
Matéria e espírito separaram-se
E multiplicadas foram as sensações
Justamente pela capacidade do afastar
Porque há momentos em que a matéria só pesa
E pesa tanto que morre, precocemente.
E são tantas as mortes, os fins
Sim, porque morte é fim
Mas não o fim definitivo
Para quem sente matéria e espírito.
A voz que se foi não sei para aonde
Ou sei e tenho que não ouví-la?
Ou não quero ter que buscá-la?
A voz que foi, mecanicamente, gravada
A voz que surgiu, por um acaso,
A voz de quem não teve a suprema glória
Da percepção sagaz da plenitude infinita.
Restam-me seus fluidos vocais e energizantes
Porém, até quando ficar-me-ão?
Não sei, só o tempo dirá!...
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Do livro “Caminhos Ainda”, Edição da autora / APL – Academia Piauiense de Letras, Teresina, 1991, página 50.
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