LISBOA FADISTA
Neste bairro de Lisboa
Onde à noite o fado ecoa
Num fundo de guitarrada
O fadista cheio de raça
Canta o fado p’ra quem passa
Na Lisboa afadistada
Canta a garganta afinada
Uma letra amargurada
Canta até que a voz lhe doa
Põe alma no fado que canta
E sente um nó na garganta
Enquanto o seu fado entoa
O fado é a nossa canção
Que nasce no coração
E na garganta tem foz
É cantado nesta Lisboa
De boca em boca, à toa
Do tempo de nossos avós
É já tarde no Bairro Alto
E um fado em sobressalto
Ainda nas ruelas entoa
É este sentimento bairrista
É a alma de um fadista
Que nos faz amar Lisboa
1989