Lembro-me nas cordas tristes da minha guitarra
Lembro-me nas cordas tristes da minha guitarra
Que não haverá outro verão na minha vida
E que se acabaram os sonhos do tempo de escola
E as divagações sobre tudo no caminho para casa…
A vida agora é concreta e pago impostos
Entrei na vida a que as pessoas chamam
“Vida de homem” mas as pessoas são estúpidas
Sempre foram…
Os sonhos fogem agora de mim como gaivotas
A rasgarem o azul amanhecido de Lisboa
Por entre aquela luz estranha que todos os poetas amam na cidade
E as coisas são estranhas para mim agora…
Sinto-me um numero uma desilusão de mim
Uma sombra a que o sol já não chega
Invade cada traço do meu sangue uma onda de saudade
E lembro-me das tardes de Inverno na escola
Tantos projectos, e tão vagos para fazer depois...
E agora é o depois e nada…
Tudo papeis no chão, tudo rimas perdidas
Tudo brinquedos partidos
E beijos por dar e velas por encher, por soprar
Tantas ancoras ainda bem presas
Tantas amarras ainda por romper
E eu aqui nas cordas duma guitarra
No reflexo dum rio… e na sombra dum amanhecer
Tiago Marcos