DIALÉTICA PRÁ CORDEL

Nada de nada é nada; nada é coisa nenhuma...

Do nada não pode ser gerada força alguma;

Um ombro para chorar, se procurar, se arruma...

O ser e o nada: Sartre disseca; faz súmula!

Nem magia, fascinação; simplesmente, levitar...

Subir pelas paredes não dá azar!

Barata pode voar; sobra a sina, rastejar...

Passando cavalo encilhado, permitido montar!

Leveza se equilibra nos saltos;

Um closet, duzentos sapatos...

Uma foto é um feliz retrato!

Natureza: fartura, bicho-do-mato...

Cantemos, diz a cigarra feliz;

Educação, o ônus do aprendiz...

Ata de uma vida, emoção ressentida; cicatriz!

Materialismo selvagem: imposição, diretriz...

Imolado cordeiro, revérbero no carneiro;

Por não dar asas à cobra, Deus justo; certeiro!

As lágrimas somem no travesseiro...

Quem avisa, viu primeiro

A galinha nasceu antes pra dar chance ao ovo

Por sinal põe a cantar... Alça vôo e cai de novo...

Porque seria, Nova Zelândia não cria corvo?!

Quem vai na chuva pra se molhar; galocha, estorvo!

Concordando, figuras de construção; dão livro, vem do papel...

Mentalmente, bom sabor se associa ao mel;

Subentendido, tino e silepse; bonança verte do céu!

Renatinho serelepe, moleque esperto: erudição no cordel.