Versinhos de um sertanejo

Eu fui pro roçado arar a terra

Esperar a chuva

Me preparar pra guerra

A chuva não caiu

A vida se fez turva

De sede morreu meu gado

E a alegria logo sumiu

Descobri então que meus pais tinham razão

Quando me avisavam pra guardar o coração

Pois trabalhar é a única motivação

Que é preciso pra continuar

Devo aceitar a vida como ela é

Ignorar os que falam da paixão

Porque isso é coisa pra poeta

Mas eu, eu vim foi do sertão

Não posso bancar o pateta

Se não eu perco meu pão

Depois da seca nada me sobrou

Perdi meu tempo, meu trabalho e até meu amor

O que eu guardei ou o que eu usei

Se perdeu com tanta dor

Trabalhar noite e dia

Essa é minha sina

Ver o sol deitar e subir

Trabalhar noite e dia

Só com tempo pra dormir

Esquecer quem um dia eu amei

Que me deixou com desdém

Os meus versinhos são singelos e doloridos

Mas aceite de bom grado

Que eu aqui do sertão fico grato