Gota de silêncio

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.

José Saramago

Gota de silêncio

O pintor nega o tempo

absorto na textura

das linhas úmidas

misturadas no viver

Agora restou descolorir.

Ressuscitando uma gota de silêncio

dentro do catre amargo

no cálido sabor da meia-idade

vai na memória suas dores

Agora restou equilibrar-se.

Nos espaços, frinchas e vontade

Agora restou desejar-se.

O frisson do amor acabou

no quadro preto e branco

o amor esta sofrendo refração

Agora restou ocupar-se.

Na matemática inútil

o arco-íris não se formou

entre a chuva e o sol do porvir.

Ton Machado Guimarães

Ton Machado Guimarães
Enviado por Ton Machado Guimarães em 12/01/2011
Reeditado em 03/06/2019
Código do texto: T2725318
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