A CRIANÇA QUE FUI, NUNCA EXISTIU
Há muito, mesmo muito tempo
Era eu ainda uma tenra criança
A vida me roubou a esperança
Me fadou a viver em sofrimento
Na linda e malfadada tarde abril
Em que dominava calma bonança
Vivendo eu feliz, cheio esperança
E meus sonhos lindos mais de mil
Não tínhamos a farta abastança
Um lindo laço de amor nos unia
Até que naquele malfadado dia
Eu, criança, deixei de ser criança
Minha mãe que eu tanto amava
(E que eu amo ainda meu Deus)
Naquela triste tarde se finava
Me acenando seu último adeus
Desde então, tanto que eu sofri
Que já me é impossível descrever
Em um só dia mil anos envelheci
Ainda tenra criança, quis morrer
Muitos anos passaram, sofridos
A mágoa da dor, que jamais saiu
Quisera viver meus anos perdidos
A criança que fui e nunca existiu
2.011