A CRIANÇA QUE FUI, NUNCA EXISTIU

Há muito, mesmo muito tempo

Era eu ainda uma tenra criança

A vida me roubou a esperança

Me fadou a viver em sofrimento

Na linda e malfadada tarde abril

Em que dominava calma bonança

Vivendo eu feliz, cheio esperança

E meus sonhos lindos mais de mil

Não tínhamos a farta abastança

Um lindo laço de amor nos unia

Até que naquele malfadado dia

Eu, criança, deixei de ser criança

Minha mãe que eu tanto amava

(E que eu amo ainda meu Deus)

Naquela triste tarde se finava

Me acenando seu último adeus

Desde então, tanto que eu sofri

Que já me é impossível descrever

Em um só dia mil anos envelheci

Ainda tenra criança, quis morrer

Muitos anos passaram, sofridos

A mágoa da dor, que jamais saiu

Quisera viver meus anos perdidos

A criança que fui e nunca existiu

2.011

João Guerreiro
Enviado por João Guerreiro em 12/01/2011
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