ANTES QUE ME QUEIRA A MORTE
Como ecos em fuga de uma fotografia
Onde reside teu rosto esmaecido,
Rompem abismos do passado,
O clamor daquele amor impossível.
No umbral da minha janela,
Há pássaros mudos
Ocultos da chuva fria,
Imagem triste como a da sua despedida
Na tarde cinza de um setembro antigo.
Na escrivaninha, repousa a caneta inútil,
Os versos já não brotam
Da fonte da saudade
- O coração tornou-se em deserto
Pela seca ácida da tua ausência.
Mas, antes que me queira a morte,
Amante voraz dos poetas infelizes,
Nas noites longas de inverno insones,
A vida requer ânimos em sonhos,
Que afagam a alma,
No refulgir das auroras insistentes.