Areis Claras

Há uma montanha

De areias claras

No Pirinel.

Quase inteirinha roubada

Pela ganância de construtores anônimos

Que vão ferindo, matando e roubando o belo de Deus.

No Pirinel as casas são miúdas

Como que enterradas

E trazidas à realidade

De suas ruas ternas,

Desfolhadas e forradas de pedrinhas...

Outras,

Ladeiras íngremes

Com chão de barro semi-morto

Desvirginado pela erosão

Do muito, muito tempo passado.

As casas miúdas não sorriem

Permanecem caladas.

E contemplam com olhos mortiços

Um passado branco e sem asfalto

Feito de densas dunas

De uma linda e rara areia clara

Cuja existência os homens

Aniquilaram,

Para sustento dos seus andares.

Enqunto isso

As casas miúdas e afuniladas

Olham-nos hoje

Sem sorriso e com saudades

Mutiladas que foram

Silenciosas cartas marcadas

De um passado alegre e calmo

Por causa

Do vento

Que dava forma

Àquelas lindas areias claras.

Mírian Pinto de Souza
Enviado por Mírian Pinto de Souza em 25/10/2006
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