Areis Claras
Há uma montanha
De areias claras
No Pirinel.
Quase inteirinha roubada
Pela ganância de construtores anônimos
Que vão ferindo, matando e roubando o belo de Deus.
No Pirinel as casas são miúdas
Como que enterradas
E trazidas à realidade
De suas ruas ternas,
Desfolhadas e forradas de pedrinhas...
Outras,
Ladeiras íngremes
Com chão de barro semi-morto
Desvirginado pela erosão
Do muito, muito tempo passado.
As casas miúdas não sorriem
Permanecem caladas.
E contemplam com olhos mortiços
Um passado branco e sem asfalto
Feito de densas dunas
De uma linda e rara areia clara
Cuja existência os homens
Aniquilaram,
Para sustento dos seus andares.
Enqunto isso
As casas miúdas e afuniladas
Olham-nos hoje
Sem sorriso e com saudades
Mutiladas que foram
Silenciosas cartas marcadas
De um passado alegre e calmo
Por causa
Do vento
Que dava forma
Àquelas lindas areias claras.