Chanson triste
(Em memória das vítimas da chuva no estado do Rio de Janeiro)
. . .
Ainda que os olhos vermelhos
Contemplassem por toda existência
A mesma manhã fotografada
No mais azul dos dias de verão
Não se apagariam das retinas a paisagem
Monocromática e burra, tingida de morte
E destruição
Objetos perdidos, laços partidos
Vidas que se vão ao sabor da fúria
Das águas e da terra
Corpos sepultados no ventre da lama
Para todo o sempre
Mas outra forma de seguir não há
Com razão, alguns dirão que é
Preciso continuar
Reinventar o destino e a fé
Enxergar o futuro que se anuncia
Por sobre os ombros da esperança
* * *
Goiânia, 16 jan 2011.