A Festa da Rosinha

Levaram-me a um rala bucho,

Lá na casa da Rosinha.

Ao chegar vi um gorducho,

Que uns duzentos quilos tinha.

Era um baita homenzarrão,

E por ser muito glutão,

Vasta pança ele continha

E, bastava descuidar

Que, ele ia se fartar

De quitutes, na cozinha.

Ah, coitadinha da Rosinha!

E, não se dando por satisfeito,

Estufava o enorme peito,

E deglutia uma galinha,

Sem pena, ou dó, da penadinha,

Ah, que peninha da Rosinha!

Nunca em minha vida,

Eu havia visto coisa igual.

Alguém comer tanta comida,

E achar que é normal.

Pois não parava um só instante

De mastigar, o dito cujo.

Se fazia de importante,

Mesmo tendo o beiço sujo.

Durante a noite inteira,

Resolvi observá-lo.

Sentei-me à uma cadeira,

Para melhor vigiá-lo

E, a Rosinha, hospitaleira,

Mesmo sentindo canseira;

Dava a ele, bom regalo.

Pois passava o tempo todo,

Preparando salgadinhos.

E o tal, a grosso modo,

Devorava-os ligeirinho.

E ainda olhava de soslaio,

Como quem a querer mais.

Bradava, daqui não saio:

Pois tá gostoso, tá demais.

E a Rosinha, coitadinha,

Nada de se divertir.

Pois o glutão a detinha

Na cozinha, e não a deixava sair.

Mas, como tudo tem limite,

Rosinha foi se irritando.

E o balofo, acredite;

Mais e mais se empanturrando.

A Rosinha se pôs nervosa,

E foi perdendo a estribeira,

Ao ver a roupa gordurosa,

Com o vapor da frigideira.

E, justamente nessa hora,

Se esqueceu da educação.

E botou de porta a fora,

O gorducho a bofetão.

O glutão saiu tombando,

Com a orelha toda ardente.

E, foi ele derrubando,

Quem estava à sua frente.

Eu, de lá, de minha cadeira,

Tudo aquilo eu observava.

Rosinha dava rasteira,

E o gorducho, se esperneava.

Foi então nesse momento

Que, o fuzuê ficou formado.

A festa virou um tormento,

E sopapos pra todo lado.

O gorducho, caído ao chão,

Com um croquete numa das mãos,

E na outra, um bombocado.

Terminou assim a festa,

Do inesquecível rala bucho.

Com muitos galos na testa,

Por culpa do tal gorducho.

E, nunca mais, a Rosinha

Quis saber, de outra festança,

Pois quando estava sozinha,

Vinha-lhe na mente a lembrança

Que, em sua simples festinha,

Houvera tanta lambança.

Do gorducho não se sabe

Dizer, se vida, ainda lhe resta.

Se comida ainda lhe cabe,

Ou se explodiu, em outra festa!...

Roberto Jun
Enviado por Roberto Jun em 18/01/2011
Reeditado em 06/06/2014
Código do texto: T2736208
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