De tempos em tempos
Nos corredores da estrada,
Pensativo, a cada passo me anunciava,
Sem querer ser dono do cetro,
Sem querer ser da ocasião o centro...
Vi quando passei o gato sorrir;
Vi o sapo na sua ingenuidade falar,
Serpentes me apontando sem me parar...
Dei-me conta que o ano terminou...
Reinados inteiros ficaram na idéia de continuar,
Muitos seres perderam-se na era...
Os grilos ficaram mudos,
E o rio travou nas pedras lisas.
Percebi que não havia ninguém a janela,
Que as ruas começavam a ficar vazias.
E os fidalgos já impunham cuidados,
Os cidadãos não escreviam qualquer asneira,
Alguns poetas já viam como destino a guilhotina
E alguns já não podiam falar nos cantos.
De tempos em tempos;
Depois da acracia a ditadura.
Aos poucos se erguia a intransigência a Democracia.
O sonho vivia na realidade a dor,
Que a esperança, sob utopia inventou,
Para matar de vergonha toda uma sociedade.
Não estamos na hora de julgar,
Nem sob a ótica de falar,
Temos muito a fazer...
Ostracismo e exílios trazem maturidade,
Só não há o que se dizer,
De alguém como você,
Pensar vencer o anonimato com a morte da idade,
De quem é tão vítima, quanto multiplicador dessa insanidade.
Só sei que vejo as caras...
Pálidas, hipócritas e decepcionadas...
Nas mesmas vozes que um dia,
Insurgiam soberbas nas farras festivas de ouro,
Agora mudas e incolores seguem a escuridão;
Vestem quietas as luvas para voltar à essência de parasito padrão.