PALADAR
Algumas mulheres são como
Cozinha de restaurante
A perfeição da primeira vista
Não resiste ao olhar atento...
E do nada surge um buço,
Pontas duplas no cabelo
Triste mesmo é quando a moça
Começa a limpar o aparelho
De repente num impulso
Gesto de pura aflição
A menina anuncia
Que vai ter festa no salão
Pra que tanta maquiagem?
Por que tanta bijuteria?
Se já conheço o segredo
Que há por trás da alegoria
A miragem desse enredo
Não suporta o dia-a-dia
E se mostra sem frescura
O motivo da pintura!
Comparando as duas moças
(Aquela que conheci
E esta que hoje vejo)
Gosto bem mais da primeira
Que enganava meus olhos...
E por mais que eu olhe
Não enxergo o mesmo brilho
A cintura de espartilho
Parece um pouco esparsa
Devagar cai a farsa
Da mulher-maravilha
Evito a armadilha
De crer na mulher perfeita
A moderna Afrodite,
A ungida, a eleita.
A deusa não existe!
Existe apenas uma mortal
Que conhece o caminho das nuvens
E apaixona por ser real.
Algumas mulheres são como
Cozinha de restaurante!
Alguns restaurantes andam cheios...