Comparações vis

O poeta já comparou

e não me restou inovações.

O poeta já comparou

um sorriso com pérolas.

O poeta já comparou

um abraço com o fogo.

O poeta já comparou

uma pele com veludo.

O poeta já comparou

um par de olhos com espelhos d’alma.

O poeta já comparou

um amor impossível com a morte.

O poeta já comparou

de tudo, e nada me sobrou.

Me resta agora

fazer mau uso da língua

e dizer que te amo;

só me restou dizer

que este amor não é

imortal, posto que é chama,

mas que seja infinito enquanto dure.

melão
Enviado por melão em 26/10/2006
Código do texto: T274569