Comparações vis
O poeta já comparou
e não me restou inovações.
O poeta já comparou
um sorriso com pérolas.
O poeta já comparou
um abraço com o fogo.
O poeta já comparou
uma pele com veludo.
O poeta já comparou
um par de olhos com espelhos d’alma.
O poeta já comparou
um amor impossível com a morte.
O poeta já comparou
de tudo, e nada me sobrou.
Me resta agora
fazer mau uso da língua
e dizer que te amo;
só me restou dizer
que este amor não é
imortal, posto que é chama,
mas que seja infinito enquanto dure.