Fruto do ódio.

Rejeitado antes de nascer,

consumindo drogas que nem pediu,

portador do vírus HIV,

ao ver o mundo sua mãe partiu.

Marvin era seu primo,

Santo Cristo seu parceiro,

Severino um amigo,

e o infortúnio um companheiro.

Princípios éticos desconhecidos,

valores deturpados.

Para a sociedade um perigo,

sem que se ache os culpados.

Em seu mocó tomava uma cotovelada,

olhava para o lado suas irmãs trepando,

fechava os olhos sem falar nada,

era só o pão do dia que elas estavam ganhando.

Para as professoras um caso perdido,

expulso na quarta série do 1° grau.

Só porque estava com as meninas se divertindo,

no fundo da sala fazendo sexo oral.

Como um Falcon não podia comprar,

o 38 era o seu brinquedo.

Aos 9 já sabia atirar,

em qualquer um que atormentasse seus tormentos.

Por várias vezes seguiu carreira,

cheirando cocaína.

Fugiu sua vida inteira,

da veraneio vascaína.

Sua faculdade era o narcotráfico,

salário mínimo inconstitucional.

Na guerra não há lugar para o fraco,

e a competição pelo ponto é mortal.

Suas namoradinhas estão barrigudas,

esperando seus herdeiros.

Duas abortaram com agulhas,

e a terceira gera o fruto do tormento.

Mas ele nem quer saber,

o pai de seu filho é a rua.

Se talvez ele crescer,

vai ver que a vida é muito dura.

O que significa amar,

é uma lição que não aprendeu.

Como é que ele vai dar,

o que nunca recebeu?!

Uma overdose lá, outra ali,

e a alma vai prá longe do céu.

Se o inferno for pior que aqui,

para Lúcifer tirarei meu chapéu