Dama da noite

Na surdina dos teus olhos ressabiados

Vejo a luz do encantado.

O verso escondido dos teus segredos,

Que temem serem reconhecidos

Pela fantasia de uma aventura.

Tão terna nua,

Envolta na timidez do seu lençol,

É uma fera selvagem,

Que agride, que lambe,

Que apanha, mas não tem maldade.

Louca na vontade insana,

De querer demais,

De se perpetuar dona,

Na febre de um desejo profundo,

De um beijo mundo,

Sem limites para amar.

Na cama,

Em coma...

Arranha, morde,

Geme, grita, feri e se assanha.

Na fissura, esfrega-se,

Sussurra em fragmentos sem qualquer pudor.

Eva... Loira ou morena,

Não tem cor que acena,

Não tem hora marcada,

É uma perola subumana,

Senhora, sem nome,

Só o que quer é se satisfazer.