Para um jovem demolidor

 

O trânsito estava intenso àquela hora na avenida,

 então parei, para não correr o risco de perder a vida.

 

Foi aí que o vi

num prédio em demolição,

magro e empoeirado,

com uma marreta de ferro na mão.

 

Equilibrando-se sobre uma laje,

sem segurança qualquer,

eu o via trabalhar

e, com a marreta de ferro,

a parede derrubar.

 

E como naquele instante

o sol estava escaldante, 

às vezes ele parava

e o suor do rosto

com a camisa enxugava.

 

Olhando pra ele com temor

de que pudesse dali cair,

dentro de mim eu orava

e em seu favor suplicava.

 

E quando o trânsito diminuiu

e a avenida atravessei,

com muita emoção, pra ele,

mais uma vez, eu olhei.

 

Ele jamais saberá

que estive a observá-lo

e enquanto trabalhava

com a mente o fotografava.

 

Também jamais saberá,

aquele jovem demolidor,

que a ele dediquei

este poema com amor.

 

* * * * *

 

Do Livro “Simplesmente Poemas” – Pág. 94