EXPOSTOS

exposta,

aos meus olhares distantes do olhar

exposto

a bons e maus-tratos,

hei de te rever

num sonho bem deseducado,

sem etiqueta

exposto,

perante a teu olhar de revista militar

[dou um trato nas orelhas, procuro pés-chatos]

acho-te sem a necessidade

exposta

ao convencional-ridículo

de comer com garfo e faca, e guardanapos desdobrados.

atentarei contra o pudor

[nu]

e exposto,

tocarei na tua silhueta em contra-luz

sem mais qualquer silêncio dos teus olhos

exposta

[nua]

a mim exposto,

desafiarei os conceitos de moral e bons costumes

do silêncio do teu corpo,

calado, sempre, por luzes de lâmpadas ruins

e,

[seja nesta vida ou n’outra passada]

na manhã seguinte,

nossos olhares brincarão de praia e mar

expostos pelo sol do dia vindo

[riremos]

como os modelos expostos nas capas das revistas

[mal-educados nus]

assim como milhares de semi-nus pelas ondas das praias

que comem com guardanapos desdobrados

[garfos e facas]

toda a nudez exposta por nossos olhos,

sem mais silencio.

Os tempos dos guarda-roupas estão contados!