O TEU NAUFRAGAR

Em cada gesto que gritas te afundas

na imensidão do mar

e fazes do sabor da terra

e do sol

a noite escura do teu naufragar;

trocas a cor da lua no seu luar

pela escuridão da noite

do teu caminhar,

e misturas na lama, que inventas,

as cores anil do céu

no seu sol-posto;

fazes do teu rir que rejeitas

o teu desgosto,

inventas a morte e a guerra

e não queres o sol da vida

no seu brilhar;

preferes misturar as cores

que a terra tem

ao amanhecer

com as lágrimas do teu chorar;

no teu sofrer

inventas a dor que tens

e que não tens, também,

enfeitas de solidão

o sabor do sol da vida

que pode ter guarida

(mas que rejeitas)

na tua mão.

Alvaro Giesta
Enviado por Alvaro Giesta em 28/10/2006
Código do texto: T276301
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