O TEU NAUFRAGAR
Em cada gesto que gritas te afundas
na imensidão do mar
e fazes do sabor da terra
e do sol
a noite escura do teu naufragar;
trocas a cor da lua no seu luar
pela escuridão da noite
do teu caminhar,
e misturas na lama, que inventas,
as cores anil do céu
no seu sol-posto;
fazes do teu rir que rejeitas
o teu desgosto,
inventas a morte e a guerra
e não queres o sol da vida
no seu brilhar;
preferes misturar as cores
que a terra tem
ao amanhecer
com as lágrimas do teu chorar;
no teu sofrer
inventas a dor que tens
e que não tens, também,
enfeitas de solidão
o sabor do sol da vida
que pode ter guarida
(mas que rejeitas)
na tua mão.