Vampirismo

Conheci um vampiro diferente

Não sugava sangue, sugava sonhos

E em cada vítima deixava o vazio

De jamais ter alimentado sonho algum

Quando encontrei pela primeira vez o tal vampiro

Amaldiçoei-o por ser ladrão tão furtivo

Que roubava das pessoas algo tão precioso

E, saciado, não deixava nada em troca.

Mas então percebi que o possível bandido

Na verdade era o mocinho, ainda que sem querer

Porque levava embora os sonhos que não se realizaram

Mas deixava ainda espaço para sonhos novos.

E num sonho meu, de menino

Sonhava também em ser vampiro assim

E só quando o tal vampiro roubou também meus sonhos

É que descobri que ele nasceu dentro de mim.