Interrogação
Sou o que acho
Ou o que acham que sou?
Ponho em prática porque desejo
Ou porque alguma pessoa indicou?
Se minha existência é de minha responsabilidade,
Se a morte é mesmo o final,
Ou se há eternidade,
Como terei conhecimento,
Em que momento saberei a verdade?
*
O que há no meio do planeta?
O que é mundo? O que é o oceano?
Desprovido de ar, como respirar?
Mas porque não tenho possibilidade de contemplar,
Sequer tocar?
*
O que será fé? Um engano,
Pra tornar mais forte a alma?
É melhor ter razão,
Ou manter-se nas asas da emoção?
Tocar delicadamente as nuvens,
Ou submergir os pés no chão?
*
O que é saudade, um sofrimento
Que vem impetuosa e irrefletidamente?
Por que motivo a solidão é gélida
E a paixão é tão cálida?
Por qual razão quem queremos por perto
Mora sempre distante da gente?
*
Dinheiro, será tudo?
Será que compra a felicidade,
Ou aquele amor de verdade,
Ou a vida eterna tão imaginada,
O sorriso da pessoa amada
Será que dinheiro... é nada?
*
É necessário ter atitude
Ou renunciar sem tentar?
Melhor ser uma sombra,
Ou um astro a irradiar?
*
E o sonho, que será?
Uma vida encoberta que possuímos?
E não será só sonho
Essa vida que vivenciamos?
*
Se tivesse outra cor,
Outro sexo, outra raça,
Ainda assim seria eu?
Será que aspecto físico
Altera a essência?
E essa essência, que pessoa me cedeu?
*
Porque essa sede sem término,
Essa inquietação
De preencher o vácuo
Do pouco saber,
Do nem um pouco saber?
Porque o que não desejo recordar
É muito mais árduo de esquecer?
*
Por qual motivo recebemos essa vida,
Se um dia deveremos perder?
E a maneira que vivemos,
Tudo que fazemos,
É o que queríamos mesmo fazer?
*
Por qual razão não vivenciar cada dia
Como se fosse o último,
Se realmente pode ser?