ONDE ESTÁS? (CASTRO ALVES) e AQUI ESTOU (TÂNIA MENESES)
“É meia-noite… e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
“Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?”
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
“Oh! minh’amante, onde estás?. . .
*
Ouço o vento... está zumbindo
Esfria-me a ventania,
Meu sorriso perde a graça,
No meio da noite fria.
Minh’alma é muda, lassa
Por amor tudo se faz:
“Digo ao vento, peito aberto,
Aqui’stou, no lugar certo”
Mas, o vento volta esperto,
Não leva o que se responde:
“Aqui estou, onde estás? ...
*
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono! …
‘Stá vazio nosso leito…
‘Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres qu’eu fique
Solitário nesta vida…
Mas por que tardas, querida?…
Já tenho esperado assaz…
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minh’amante, onde estás? …
*
Muito além das nuvens pardas
Meu amado não tem sono,
Deseja ‘star no meu leito
Vestido no seu quimono! ...
Quão frio está meu peito...
‘Stá frio, sem luzeiro;
Ah, ele me quer consigo
Chamar-me minha querida
Eis o que mais quer da vida...
Isto quer e muito mais
Corra, vento, qu’eu suspiro
“Aqui estou, onde estás? ...
*
Estrela – na tempestade,
Rosa – nos ermos da vida;
lris – do náufrago errante,
Ilusão – d’alma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu! …
… E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz…
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte…
“Oh! minh’amante, onde estás?…”
*
Astro rei _ ó potestade,
Lírio _ nos vãos da vida;
Netuno _ és comandante,
Oração _ d’alma valida!
Tu foste, sina ditosa!
Tu foste, anjo de Deus! ...
... E hoje eu te quero, amado
Como outro quis jamais...
Vendo em frente a minha morte,
Respondo aos ventos da sorte...
“Aqui estou, onde estás? ...
**************************************
ONDE ESTÁS? (CASTRO ALVES)
“É meia-noite… e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo de desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento, que passa
Por meus cabelos fugaz:
“Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?”
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe:
“Oh! minh’amante, onde estás?. . .
Vem! É tarde! Por que tardas?
São horas de brando sono,
Vem reclinar-te em meu peito
Com teu lânguido abandono! …
‘Stá vazio nosso leito…
‘Stá vazio o mundo inteiro;
E tu não queres qu’eu fique
Solitário nesta vida…
Mas por que tardas, querida?…
Já tenho esperado assaz…
Vem depressa, que eu deliro
Oh! minh’amante, onde estás? …
Estrela – na tempestade,
Rosa – nos ermos da vida;
lris – do náufrago errante,
Ilusão – d’alma descrida!
Tu foste, mulher formosa!
Tu foste, ó filha do céu! …
… E hoje que o meu passado
Para sempre morto jaz…
Vendo finda a minha sorte,
Pergunto aos ventos do Norte…
“Oh! minh’amante, onde estás?…”
AQUI ESTOU (TÂNIA MENESES)
Ouço o vento... está zumbindo
Esfria-me a ventania,
Meu sorriso perde a graça,
No meio da noite fria.
Minh’alma é muda, lassa
Por amor tudo se faz:
“Digo ao vento, peito aberto,
Aqui’stou, no lugar certo”
Mas, o vento volta esperto,
Não leva o que se responde:
“Aqui estou, onde estás? ...
Muito além das nuvens pardas
Meu amado não tem sono,
Deseja ‘star no meu leito
Vestido no seu quimono! ...
Quão frio está meu peito...
‘Stá frio, sem luzeiro;
Ah, ele me quer consigo
Chamar-me minha querida
Eis o que mais quer da vida...
Isto quer e muito mais
Corra, vento qu’eu suspiro
“Aqui estou, onde estás? ...
Astro rei _ ó potestade,
Lírio _ nos vãos da vida;
Netuno _ és comandante,
Oração _ d’alma valida!
Tu foste, sina ditosa!
Tu foste, anjo de Deus! ...
... E hoje eu te quero, amado
Como outro quis jamais...
Vendo em frente a minha morte,
Respondo aos ventos da sorte...
“Aqui estou, onde estás? ...