ACALANTO

Belém, minha linda morena,

Quando fico a te mirar,

Me fazes ficar serena

De tanto te admirar.

Ouvindo os sinos da Sé,

Os barcos que chegam ao cais,

Tudo isso me traz fé

E faz eu te querer mais.

No teu Forte do Castelo,

Donde se vê tua baía,

Pode-se ver quanto é belo

O teu sol durante o dia.

Quando a lua te encobre

No manto estrelado da noite,

Aí é que se descobre

Que a saudade é como açoite.

Quem chega aqui, minha Belém,

Não tem vontade de voltar;

Pois sente-se muito bem

E passa logo a te amar.

Quem sai daqui, minha terra,

De saudades vai morrer;

Pois tudo o que aqui se encerra

Faz de ti não se esquecer.

Conheço gente bastante

Que por ti vive a chorar

Uma saudade gigante,

Vontade de regressar.

Cabocla faceira e linda,

Teu solo é abençoado;

Tens uma beleza infinda...

És meu berço bem amado.

De tuas mangueiras e praças,

Das igrejas até o cais,

És terra cheia de graça

Que não se esquece jamais.

Este meu humilde preito

É forma de agradecer

A ti, meu tranqüilo leito,

Meu eterno bem-querer.

Quero divulgar meu canto

Desde a terra aos sete mares;

E que este meu acalanto

Se espalhe pelos ares.

Que todos possam saber

Tua existência fecunda;

Que sempre venhas a ter

Riqueza de ti oriunda.

Belém, morena trigueira,

Mentiria se quisesse te esquecer.

Durante minha vida inteira

Pra sempre vou te querer.

Áurea Gomes
Enviado por Áurea Gomes em 05/02/2011
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