ACALANTO
Belém, minha linda morena,
Quando fico a te mirar,
Me fazes ficar serena
De tanto te admirar.
Ouvindo os sinos da Sé,
Os barcos que chegam ao cais,
Tudo isso me traz fé
E faz eu te querer mais.
No teu Forte do Castelo,
Donde se vê tua baía,
Pode-se ver quanto é belo
O teu sol durante o dia.
Quando a lua te encobre
No manto estrelado da noite,
Aí é que se descobre
Que a saudade é como açoite.
Quem chega aqui, minha Belém,
Não tem vontade de voltar;
Pois sente-se muito bem
E passa logo a te amar.
Quem sai daqui, minha terra,
De saudades vai morrer;
Pois tudo o que aqui se encerra
Faz de ti não se esquecer.
Conheço gente bastante
Que por ti vive a chorar
Uma saudade gigante,
Vontade de regressar.
Cabocla faceira e linda,
Teu solo é abençoado;
Tens uma beleza infinda...
És meu berço bem amado.
De tuas mangueiras e praças,
Das igrejas até o cais,
És terra cheia de graça
Que não se esquece jamais.
Este meu humilde preito
É forma de agradecer
A ti, meu tranqüilo leito,
Meu eterno bem-querer.
Quero divulgar meu canto
Desde a terra aos sete mares;
E que este meu acalanto
Se espalhe pelos ares.
Que todos possam saber
Tua existência fecunda;
Que sempre venhas a ter
Riqueza de ti oriunda.
Belém, morena trigueira,
Mentiria se quisesse te esquecer.
Durante minha vida inteira
Pra sempre vou te querer.